quinta-feira, 25 de março de 2010

Ata da Reunião de 23/03/2010

Esta não é exatamente uma Ata da Reunião de 23/03/2010, mas um relato do acontecido.

Por Adriana Amorim

A reunião desta terça iniciou com alguns relatos de pessoas que estiveram na II CNC em Brasília, além de terem sido levantados questionamentos em relação ao não compromisso do Governo do Estado em bancar as passagens de todos os delegados eleitos. Elena falou do Relatório Final que a Comissão dos Delegados preparou para entregar ao Comitê Executivo da Conferência Estadual de Cultura, ao Conselho de Cultura e ao Governo do Estado.

Como o FPC/RR foi essencial na realização das conferências municipais e estadual foi sugerido que o FPC também elabore um relatório abordando a luta e o engajamento deste movimento, que representa a sociedade civil, em prol da realização de todas as etapas das conferências, assim como a sua insatisfação pela falta de compromisso do Governo para ser entregue juntamente com o relatório da comissão de delegados.

Nesta reunião, propomos mudanças a esta rede de debate, a proposta é usarmos o grupo para debater assuntos relevantes à cultura. A sugestão do primeiro debate será sobre as 32 propostas aprovadas na II CNC, bem como um debate sobre quais devem ser os próximos passos do FPC/RR. Ellen se comprometeu a enviar um roteiro com o passo a passo para as pessoas que não sabem como acessar o grupo de discussão e Elena em iniciar os debates sobre os assuntos citados.

Colocamos como propostas para esta nova fase de desafios do FPC/RR a discussão sobre as formas de garantir a construção dos Planos Municipal e Estadual de Cultura; a constituição da Secretaria Estadual de Cultura; a garantia de pelo menos 1% do orçamento do Estado para a cultura; entre as ações internas a elaboração do Regimento Interno do FPC/RR; a realização de reuniões nos bairros, principalmente onde hajam concentração de grupos e associações culturais; a reestruturação das comissões de trabalho do FPC e a organização de pequenas ações como o responsável por chamar o grupo para os encontros, a presença de um ateiro para registro das reuniões (para não tirar a concentração de alguém que fique com essa função foi sugerido que as reuniões fossem gravadas, por isso quem tiver como gravar favor se manifestar e comprometer) e um responsável pelos documentos (elaboração, entrega, recebimento e arquivamento dos mesmos).

Elena falou sobre a Comissão que se reunirá a partir desta semana no CEC para propor o modelo da Secretaria Estadual de Cultura que queremos, o FPC/RR ainda não enviou documento informando quem são seus representantes (titular e suplente). Foi informado que o documento foi emitido pelo CEC por um representante do fórum, mas que este não chegou ao seu destino. Ficou decidido que os representantes serão indicados na terça-feira que vem. (Candidatos se pronunciem!)

Elena levou o livro Ata onde serão assinadas as adesões das pessoas interessadas em fazer parte do FPC/RR. A Vera ficou responsável em escrever o texto de abertura da Carta de Princípios e Elena em fazer o chamamento, via rede do fórum, para as pessoas interessadas em fazer esta adesão.


Na terça-feira que vem, dia 30/03/2010, nossas pautas serão:
1. Entrega do caderno de assinatura da Carta de Adesão do FPC/RR;
2. Entrega do Relatório do FPC/RR que será encaminhado ao Governo, ao CEC e ao Comitê Executivo da Conferência Estadual de Cultura;
3. Indicação dos representantes da Comissão de planejamento da SECULT/RR;
4. Início da elaboração do Regimento Interno do FPC/RR (quem puder levem modelos de Regimento);
Para as próximas reuniões devemos abordar a elaboração do Plano de Trabalho do FPC/RR.

Estavam presentes na reunião:
Marcelo Tito
Mestre Afonso
Vera Aparecida
Vanda Domingos (nova engajada do FPC/RR, representante de movimento indígena)
Marisa Bezerra
Ellen Carmen
Elena Fioretti
Adriana Amorim
Sem mais,
Adriana Amorim - FPC/RR

terça-feira, 2 de março de 2010

Pré-Conferência Setorial do Audiovisual

Ministro diz que este é um momento excepcional para a cultura brasileira


“Não basta melhorar a renda do brasileiro. É preciso oferecer educação de qualidade e dar acesso a cultura”. Estas foram as palavras do ministro da Cultura, Juca Ferreira, durante a cerimônia de abertura da Pré-Conferência Setorial de Audiovisual, etapa da II Conferência Nacional de Cultura (II CNC).

A Pré-Conferência Setorial de Audiovisual iniciou oficialmente nesta quarta, às 9h30, no auditório Hotel Nacional, em Brasília. Estavam presentes na cerimônia 75 delegados de vários estados brasileiros, divididos em sociedade civil organizada e poder público.

A mesa de abertura da Pré-Conferência foi composta pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira; o secretário de Audiovisual, Sílvio Da-Rin; o diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Manoel Rangel; o secretário-geral do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), Gustavo Vidigal; o coordenador geral das Pré-Conferências Setoriais de Cultura, Mauricio Dantas e o presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), cineasta Rosemberg Cariri.



Silvio Da-Rin, secretário do Audiovisual, pasta vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), disse que sua expectativa é que a Pré-Conferência produza uma agenda positiva, uma vez que foram protocoladas 160 propostas pelos estados. As propostas foram dividas por eixos temáticos, com os quais os grupos de trabalho deverão se basear e redigir duas propostas finais por cada eixo. As propostas serão encaminhadas à II CNC. Segundo o secretário, os encontros setoriais e a própria Pré-Conferência mobilizaram cerca de 50 entidades do segmento audiovisual.

“A II CNC ocorrerá entre os dias 11 e 14 de março, mas o trabalho não se esgotará. Este será apenas um passo importante para produzirmos o Plano Nacional do Audiovisual e o Plano Nacional de Cultura, que será encaminhado ao Congresso Nacional”, explicou Da-Rin.

MinC – Juca Ferreira, ministro da Cultura, iniciou seu discurso destacando a importância da produção de filmes brasileiros que contemplem conteúdos densos e que tenham como fundamento a dimensão simbólica. Esta baseia-se na idéia de que é inerente, a todo o ser humano, a capacidade de simbolizar, expressa por meio das diversas línguas, valores, crenças e práticas. Dotar a arte desta dimensão possibilita instituir uma política cultural que enfatiza, além das artes consagradas, toda a gama de expressões que caracterizam a diversidade cultural brasileira. “Vivemos um momento excepcional da cultura brasileira. Já anunciamos o Vale Cultura, que dispõe de um recurso de R$ 7 milhões e que vai beneficiar 14 milhões de brasileiros diretamente. Sendo assim, os realizadores do audiovisual deverão produzir e dialogar com o universo simbólico da sociedade para atrair este público”, alerta.

Juca criticou a forma de reivindicação baseada em interesses pessoais que muitas vezes é feita junto ao MinC, sem a preocupação de pensar na riqueza e complexidade da cultura brasileira. “É um momento de ouvir. O Brasil não tem a tradição de refletir sobre processos complexos. No entanto, na produção cultural brasileira, infelizmente, o ‘umbigo’ tem maior importância que a coletividade. Temos que avançar nisso. O conceito de participação tem que ir até o cidadão e a consulta é estratégica”, disse.

Ele afirmou que o século XXI tem outro alinhamento, no qual não deve haver a necessidade de imposição por parte do Estado na aplicação das políticas culturais. “Desde a queda do muro de Berlim, a desconstituição do Estado é um realidade, mas o Brasil resistiu a isso, porque o Estado ainda determina as dinâmicas da sociedade. É preciso, portanto, que ocorra a revitalização do Estado com a participação da sociedade”, ponderou.

Juca também apontou números importantes para contrapor os discursos de especialistas econômicos que especulam que o Brasil se tornará, em cinco ou dez anos, a quinta economia mundial e será um país rico. “Como avançar se ainda temas altas taxas de desigualdade e individualismo excessivos? Existem no Brasil, monopólios internos prejudiciais a cultura, assim como externos e temos que ter coragem de dizer isso. Outro fator é que 80% dos recursos da cultura vão para dois estados brasileiros. Destes, 60% vão para duas cidades e apenas 3% dos proponentes sempre ficam com estes recursos. A mediocridade é um crime”, avaliou.

O ministro ainda colocou outros índices para reflexão do público presente. Ele afirmou que apenas 5% dos brasileiros já foram ou vão aos museus; 13% vão aos cinemas por mês; 17% compram livros e 90% dos municípios não tem cinema ou centro cultural. “Não basta melhorar a renda do brasileiro. É preciso ter uma educação de qualidade e dar acesso à cultura. Temos aqui o maior laboratório cultural do mundo”, explanou.

Juca Ferreira disse em tom otimista que, este ano, a Cultura contabiliza R$ 2,5 bilhões para investimentos. “Quando chegamos ao MinC havia R$ 3 milhões. Hoje há R$ 1,6 bilhão em renúncia fiscal, antes não havia 300 milhões. Mas ainda não chegamos a excelência de financiamento temos que melhorar muito”, apontou. O ministro finalizou dizendo que conversou como presidente Lula sobre os desafios do segmento do audiovisual, quando na oportunidade Lula afirmou que se houver consenso entre os agentes do setor ele está disposto a apoiar.

Secretário-geral da CNC, João Baptista Pimentel fala sobre expectativas para a Pré-Conferência Setorial do Audiovisual

O secretário-geral do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC) e diretor de articulação e comunicação do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), João Baptista Pimentel, convidou os diversos delegados e representantes do segmento de audiovisual que participam da Pré-Conferência Setorial do Audiovisual , para uma conversa informal na noite desta terça-feira (23), na qual foram explanadas expectativas em relação aos trabalhos na Pré-Conferência.

Nesta entrevista ping pong, Pimentel, que é jornalista e produtor cultural, fala um pouco da importância de avançar nas discussões e avaliou o clima inicial da Pré-Conferência.

Como o senhor avaliou a conversa com cerca de 50 delegados, além de representantes de entidades do audiovisual e poder público, antes de iniciarem os trabalhos?

João Pimentel - A reunião foi muito produtiva. A gente conseguiu ter uma noção de quem está presente e quem somos nós aqui. Acredito que o nosso diálogo não tem muitos ruídos. A maioria das pessoas se propõe no mesmo caminho. Agora temos que nos organizar porque a metodologia e o processo que nós estamos vivendo vai nos fazer ter um grande exercício de criatividade, já que, por exemplo, pelo regimento interno da Pré-Conferência vai sobrar uma proposta de cada eixo (são cinco). Então precisamos ter criatividade para que, ao construir as propostas, colocá-las no documento, até elas virarem uma só proposta. Todo mundo foi muito bacana neste primeiro contato. Não ouvi nenhuma voz dissonante na reunião. Acho que o encontro começa bem.

Em termos institucionais, temos que representações presentes?

JP - Nessa conversa nós tivemos muito forte a presença do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC), da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD Nacional), do Fórum de Festivais, da Coalizão da Diversidade Cultural Brasileira e a presença de representantes do poder público de vários estados, o que reforça muito as propostas. A sociedade civil deve entender que é a maioria nesta reunião e tem que fazer valer as suas propostas.

Foi comentado nesta conversa a importância da articulação e mobilização de estados mais distantes dos grandes centros, situados na reunião norte do país. O que o senhor tem a dizer desta participação?

JP - Bom, nós vivemos num país chamado Brasil, que é uma república federativa que tem 27 estados e que tem que tem uma política que deve ser justa. É óbvio que ela não deve ser igual para todo mundo, porque as realidades são diferentes: a realidade do Amapá é uma, a de Roraima é outra, a de São Paulo é outra. E isso em termos, porque alguém pode dizer “ah, o sul foi contemplado, São Paulo está uma maravilha”, mas eu digo que as periferias das grandes cidades não são contempladas.

Então, acho que nós temos que criar uma política de estado, não só para o audiovisual, mas de cultura, que respeite a constitucionalidade de vivermos numa república federativa, que respeite a diversidade cultural brasileira, a identidade cultura e as vocações locais também.

Não adianta você achar que a indústria do audiovisual é uma coisa que nasce no campinho de futebol da casa vizinha, Você não cria uma indústria cinematográfica como você cria craque de futebol no Brasil. Eu acho que o Governo Federal até tem construído políticas públicas de regionalização, equalização, respeito por essa diversidade. Mas temos muito que avançar, porque isso é um jogo pesado que envolve, no campo do audiovisual, interesse econômicos que são muitos claros e nem todos são tupiniquins. Tem muito interesse econômico estrangeiro que vai querer trazer seu ponto de vista aqui.

Então temos que ficar atentos. Eu costumo dizer que se para o império (americano) o audiovisual é uma questão de soberania e segurança nacional, e se a gente quer ser um país de primeiro mundo, buscar assento no Conselho de Segurança da ONU, etc e tal... se a gente quer sair realmente do subdesenvolvimento de terceiro mundo, nós temos que fazer o audiovisual ter o mesmo peso dentro da política de estado do Brasil.

Entrevista concedida ao jornalista Éder Rodrigues (RR)

“Sem o norte, o cinema está incompleto no Brasil”, diz Rosenberg Cariri, da CBC

O cineasta Rosemberg Cariri, eleito como novo presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), em janeiro deste ano, durante as atividades da entidade no 4º Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual, participou de reunião com representantes de várias entidades ligadas ao audiovisual brasileiro, na noite de terça-feira (23), um dia antes de iniciar as discussões da Pré-conferência Setorial de Audiovisual, em Brasília (DF).

Cariri mantém o discurso voltado ao consenso de propostas e cooperação das entidades representações do segmento do audiovisual para obterem melhor resultado nas propostas a serem encaminhadas. Logo após a reunião informal, o presidente concedeu entrevista ao jornalista Éder Rodrigues, da delegação de Roraima. Confira.

O que o senhor tem a dizer desta breve reunião com cerca de 50 delegados que vão participar da Pré-Conferência?

Rosemberg Cariri - Considero da maior importância por conta da diversidade. Todas as regiões estão aqui contempladas. Eu acho que só podemos falar em cinema brasileiro quando todas as regiões desse país começarem a produzir também o seu cinema, porque isso vai representar a diversidade, a riqueza e a profundidade da cultura brasileira.

O senhor chegou a falar sobre os resultados de uma reunião ocorrida entre o ministro da Cultura e diversas entidades do segmento, recentemente, na qual foi anunciado um aporte de 80 milhões para o audiovisual. Qual foi a finalidade do encontro?

RC - Esta ação pretende criar um fundo para o cinema cultural. Seria um fundo criado para os festivais, para a pesquisa, para a memória, para o curta metragem e acreditamos que é também um fundo que vai contemplar todas as regiões brasileiras, uma vez que é um fundo federativo, ou seja, tem a idéia da nação brasileira com um todo.

Como iniciou o diálogo para a criação do fundo?

RC - A ação iniciou-se a partir da própria necessidade das entidades. Como existe atualmente todo um convite voltado para o cinema mundial, ou dito de mercado, era preciso também que houvesse um fundo voltado para o cinema dito popular, para que este outro espaço seja integrado.

Como está o diálogo como o Ministério sobre este tema?

RC - Está muito bom. Logo será formado um Conselho Gestor, com representações das diversas entidades do cinema brasileiro.

O senhor falou sobre a importância das diversas regiões do Brasil estarem presentes aqui em Brasília. Que considerações o senhor tem a fazer sobre a região norte do país?

RC - O Nordeste a partir da década de 80 despertou e disse “vamos produzir”, e começamos a produzir um cinema significativo que tem conquistado espaço nacional e até mesmo internacional. Isso foi uma vontade e um resposta da região. O Centro Oeste também. O sul tem uma grande produção. Então a região que estão faltando integrar nesse esforço produtivo brasileiro é exatamente a Região Norte. Está faltando um pedaço do cinema: não sei se é a cabeça, o braço ou o coração, mas estamos incompletos. Daí esta grande luta para que o Norte esteja presente. Eu defendo, por exemplo, num primeiro momento, editais somente para aquela região, como forma de incentivar o surgimento local de curta e longa metragem. É muito importante que o Norte se agregue neste grande esforço brasileiro.


Att


Éder Rodrigues

Jornalista

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Boa Vista - RR

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